quinta-feira, 27 de março de 2008

Bactérias que habitam canais dos dentes são estudadas



Tese de doutorado da FOP identifica 46 bactérias nos canais dos dentes; quatro delas nunca haviam sido reportadas. Objetivo foi entender melhor a microbiologia da infecção
Uma tese de doutorado desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp) analisou o comportamento de comunidades bacterianas que habitam os canais dos dentes. Quarenta e seis bactérias foram identificadas, das quais quatro nunca haviam sido reportadas.
O objetivo do trabalho, segundo o autor, o endodontista Daniel Saito, é contribuir para um melhor entendimento dos processos microbiológicos envolvidos nas infecções endodônticas. Saito explica
que, apesar de algumas espécies de bactérias já terem sido relatadas como potencialmente patogênicas, “o estudo se justifica porque o combate à infecção intra-radicular, através de terapias mais eficientes, depende do conhecimento das bactérias ali presentes”. O autor enfatiza que a permanência de bactérias após o tratamento ainda é a principal causa de falha na terapia endodôntica.
As bactérias presentes no interior dos canais podem levar à formação de abscessos, destruição do osso em volta do ápice da raiz e perda dentária. Eventualmente, chegam à corrente sangüínea. Neste último caso, bactérias resistentes podem se alojar em diversos órgãos, originando males como a endocardite bacteriana. Entretanto, como se tratam de casos isolados, os estudos desses efeitos nem sempre se mostram conclusivos.
O pesquisador esclarece, entretanto, que não pretendeu o desenvolvimento de uma abordagem terapêutica imediata. “Propusemo-nos a um estudo puramente investigativo. Neste momento, não se pode dizer que dele surjam novas medidas terapêuticas em curto prazo. O caminho é muito longo, mas a pesquisa constitui um ponto de partida porque identificamos bactérias que ainda não tinham sido reportadas na cavidade bucal”. Saito diz esperar que, com o aumento do grupo de amostras, possam vir a ser identificadas outras bactérias relacionadas a casos de falhas de tratamento em infecções persistentes.
Mais informações: www.fop.unicamp.br
Ed.127-14/03/2008

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